Poema composto pelo poeta romantico alemão Heinrich Heine, traduzido por Rubens Rodrigues Torres Filho. Lua florescente! Na tua luz, Como ouro que flui, o mar resplandece; A claridade do dia, mas enfeitiçada pelo crepúsculo, Plana sobre a ampla superfície do litoral; No céu claramente azul, sem estrelas, Pairam as brancas nuvens, De mármore luminoso. Não, nunca são nuvens! São eles mesmos, os deuses de Hélade, Que outrora dominavam alegremente o mundo, Mas agora, repelidos e mortos, Estão por aí como monstruosos fantasmas No céu da meia-noite. Assombrado, e num deslumbre estranho, eu contemplo O Panteão arejado, As solenemente mudas, terrivelmente movidas Figuras gigantescas. Ali está Kronos, o rei do céu, As madeixas brancas como neve, As famosas madeixas que fazem estremecer o Olimpo. Ele mantém na mão o relâmpago apagado. Em seu rosto há infortúnio e desgosto, E no entanto sempre o antigo orgulho. Eram tempos melhores, ó ...