Apontamentos sobre a wicca de Gardner segundo as concepções de Rodney Stark
À medida que o movimento cresce, sua face social se amplia na mesma proporção. Em outras palavras, cada novo membro expande o tamanho da rede de vínculos entre o grupo e os mais propensos a se converterem (STARK, 2006, p. 31).
A rede social da wicca se ampliou a ponto de Buckland, com autorização dos wiccanos britânicos, introduzi-la nos Estados Unidos.
Apenas por esses fatos já podemos desenvolver a idéia de que a wicca é um movimento de culto, pois começou pequeno, com Gardner tendo novas idéias religiosas, atraindo novos adeptos e sendo exportada para os Estados Unidos através de suas redes sociais.
É importante colocar que os movimentos de culto só terão sucesso se forem constituído por redes abertas. Nessa perspectiva parece que Gardner tinha consciência disso, na medida que quando apresentou a wicca, apresentou-a como uma religião abeta a todos, com muito menos exigências para se iniciar que as sociedades esotéricas da época. Além disso, Gardner estava convencido desde o início que a publicidade era a chave para a sobrevivência da wicca (RUSSEL e ALEXANDER, 2008, p.172). Isso foi até mesmo um forte indicio de motivo do rompimento entre Gardner e Dorienn Valiente sua amiga pessoal, que ajudou-o a escrever seu livro das sombras.
Segundo Stark (2008, p.200) as grandes religiões começaram tipicamente “com um indivíduo obscuro com uma nova idéia religiosa, e que se esforçou para convencer um punhado de gente”. Sendo assim continuando na teoria de Stark podemos perceber que a formação de cultos, passa por um processo de inovação de duas fases. A primeira seria a inovação de novas idéias religiosas, e a segunda, a aceitação social dessas idéias pelo menos a ponto de criar um grupo de devotos (STARCK, 2008, p.201). Se analisarmos a wicca e seu fundador Gerald Gardner, veremos que o funcionário público inglês criou de fato novas idéias religiosas. Aqui vale fazer uma observação. Podemos considerar que Gardner criou novas idéias religiosas na medida em que transpôs para a realidade a bruxaria como uma religião outrora marginal, influenciado pelas teorias de Murray sobre a permanência da bruxaria como culto agrário. No segundo ponto colocado por Stark, basta recordarmos o que foi descrito sobre as redes sociais, Gardner conseguiu em pouco tempo alguns adeptos conseguidos principalmente por sua exposição midiática. Stark (2008, p.201) ainda descreve que “talvez a maioria das pessoas que encontram novas idéias religiosas não iniciam novas religiões. O “talvez” colocado por Stark se enquadra perfeitamente no caso de Gardner, que expos logo de início que a wicca é uma religião. No caso de Gardner a palavra antecede a ação, primeiro veio a religião, depois as idéias foram sendo elaboradas. Isso deixou margens a interpretações de charlatanismo. Gardner se encaixa muito bem na definição de Stark sobre os fundadores de cultos. Segundo Stark (2008, p.202):
Os fundadores de cultos são especialistas religiosos ou magos que estabelecem novas organizações para criar, manter e trocar novos compensadores.
De fato Gardner já era um ocultista de certa fama dentro do mundo ocultista.
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