Paganstudies

Alguns dias atrás assisti novamente a um filme do famoso cineasta sueco Ingmar Bergman, "A fonte da donzela" (JungfruKällan - 1959, em inglês, "The virgin spring"), um belíssimo filme, assim como tantos outros de Bergman. Sinceramente, ouvia muita gente falar de Bergman, principalmente na faculdade, mas nunca tinha passado de "O sétimo selo", filme obrigatório nas aulas de História sobre a crise do século XIV. Aliás quando vi a primeira vez achei entediante (adolescentes e filmes preto e branco, não combinavam na minha época). Mais tarde porém, o filme tornou-se uma obra-prima e agora são meus alunos que são obrigados a vê-lo (adolescentes e filmes preto e branco ainda não continuam  combinando). Foi há uns 3 anos que eu realmente comecei a buscar mais filmes de Bergman, mas o estopim para essa busca foi "A fonte da Donzela". Meu reencontro com o cineasta, ocorreu mais uma vez como apoio pedagógico. Numa aula sobre a relação do Cristianismo e Pag

Ao estudarmos a História das crenças e práticas mágicas e tudo mais o que comumente está relacionado a estes campos é interessante notar que em diferentes épocas estas práticas e crenças estão sempre subordinadas à credulidade de seu tempo. Ou seja, sempre prevalece o julgo do que é real e o que não é. Uma observação básica aos que pesquisam sobre o tema é a notória proximidade, quase que sem distanciamento, entre a primitiva filosofia natural moderna e a magia. Ampliando-se em anos, podemos perceber como essa relação vai inclusive contribuir para o desenvolvimento da ciência moderna. Um paradoxo interessante, já que a ciência, filha da magia, hoje a nega como pura e simples superstição. Claro que o que se entende por magia é algo também variável que está ao sabor das ondas do tempo e não algo perene e imutável. Há um bom tempo, desde o advento e domínio da ciência moderna, a magia esteve associada a hábitos comportamentais que a racionalidade ocidental entendia e considerava como s

Em seu programa "Parresía" o Pe. Paulo Ricardo criticou o neo paganismo descrevendo-o como "miserável". Eu não entendi qual o objetivo do padre, claro que sempre que há uma crítica onde se evoca o neo paganismo, paganismo, bruxaria ou outros movimentos religiosos altenativos mais novos, a ênfase sempre se refere aos bons valores da família e da Igreja, ou seja, apesar de não gostar muito de dizer isso, um pensamento medieval no sentido pejorativo do termo. Numa pobre e incoerete comparação entre o neo paganismo o o evento do "Rock in Rio", o padre ligou uma coisa a outra, como se a multidão do "Rock in Rio" fosse uma multidão neo pagã (?), ou como ele descreve "porcos". Veja os argumentos risíveis. Desculpe não faz parte de minha índole julgar qualquer tipo de religião, mas quando as religiões se utilizam de desinformações para propagar teorias da conspiração, na minha singela opinião a seriedade de qualquer movimento ou igreja cai por

 Colóquio da Área de Concentração   PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO - PUC-SP Data: 08 de novembro (terça-feira) Horário: das 09h às 12h e das 13h30 às 17h I – Conferência / (09h-12h) Título: A religião cabe nos números? Potencial e limites de pesquisas quantitativas Exposições: Profs. Drs. José Oscar Beozzo (ITESP) e Rafael Shoji (CERAL) Moderação: Profa. Dra. Maria Helena Vilas Boas Concone (PUCSP/ CSO) II - Apresentação de Pesquisas / Mestrado e Doutorado (13h30-17h) Vagner Aparecido Marques – Religião e Crime Organizado na Favela do Tijuco Preto, São Miguel Paulista Moacir Nunes de Oliveira - A Contribuição Metodológica de Max Weber para a Ciência da Religião Sérgio Gonçalves de Amorim - Urbanização, Demografia e Megaigreja: uma análise empírica Elen Cristina Dias de Moura - Eu te benzo, eu te curo, eu te livro: O ritual de benzeção como objeto de pesquisa Local: PUCSP (Campus Monte Alegre) / Perdizes - Auditório 134C 1o andar - Edifício Bandeira

  Local: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Campus Perdizes - Auditório "Prof. Ricardo Sayeg" Data: 15 de setembro de 2011 Horário: 09h às 17h   I - Apresentação de Pesquisas  (09h - 12h) Mestrado e Doutorado - Grupos de Pesquisa Maria Eliane Azevedo da Silva - Religião e Educação Angela Maria Lucas Quintiliano - Pós-Modernidade e Religião Wilma Steagall de Tommaso - Pantocrator: origem e atualidade na arte sacra Dionísio Oliveira da Silva - Teologia e Ciências Naturais em Andrés Torres Queiruga II - Conferência ( 13h30 - 17h) Título: A Ciência da Religião Aplicada Profs. Drs. João Décio Passos, Eduardo Rodrigues da Cruz e Frank Usarski - PUCSP / Ciências da Religião.

Informações

Mavesper Cy Ceridwen, representando a IBWB (Igreja de Bruxaria e Wicca do Brasil) participou nesta semana da Comissão Permante de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. A audiência pública tratava sobre modificações na legislação sobre o Ensino Religioso. Para mais informações visite o site da IBWB Veja o que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação diz sobre o Ensino Religioso: Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. ( Redação dada pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997) § 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores. § 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferen

Achei no youtube este vídeo interessante sobre o paganismo. Documentário/ vídeo-conferência com um olhar acadêmico sobre o paganismo e suas sendas, Produção de Francisco Marshall (profº UFRGS - bolsista Humboldt - Heidelberg Universitat)

Na tentativa de compreender o mundo ao seu redor, o homem buscou nos astros um mapa de símbolos que pudesse orientá-lo a agir em sua jornada. O professor de Ética e Filosofia, Renato Janine Ribeiro, vai tratar da questão do agir e de como procuramos agir num mundo de incertezas e oportunidades, num mundo de dificuldades, mas também de maiores possibilidades. Renato Janine desenvolve o tema, dissertando sobre a evolução da astrologia. Surgida na antiga Mesopotâmia, a astrologia tem ajudado o homem a orientar as suas ações cotidianas e a se inserir num contexto maior que dê significado aos acontecimentos da vida. Antes usada como arte divinatória, no século XX, após contribuição de Carl Jung, ela deixa de ser uma disciplina de previsões, passando a se concentrar na atribuição de sentido às ações humanas. Renato Janine Ribeiro é doutor e professor titular na USP, defendeu mestrado na Sorbonne e entre suas obras destaca-se A sociedade contra o social: o alto custo da vida pú

É uma pretensão sem tamanhos tentar dar conta de um tema tão amplo e complexo como esse em uma postagem. Tanto que temos de começar definindo o que é religião. Para sintetizarmos esta discussão, por hora basta dizer que ainda prefiro, no que se refere à uma teoria mais sistematizada, as idéias de Geertz. A Nova Era não deve ser entendida como um movimento religioso, sua composição é heterogênea, de difícil classificação nas ciências sociais. As crenças que compõem a Nova Era também são de difícil compreensão classificatória, tornando assim este fenômeno algo problemático de ser investigado. Mas mesmo sendo de difícil classificação, a Nova Era é um fenômeno recente, mais especificamente um fenômeno presente na religiosidade moderna, ou pós moderna como descrevem alguns. Esta religiosidade pós moderna foi uma das responsáveis pela noção de “retorno ao sagrado” dentro dos estudos sociológicos da religião. Claro que definir o conceito de sagrado não nos cabe neste artigo. Mas muitos trab

Encontrei este site através do "The Wild Hunt". Ele é uma interessante e importante iniciativa que pretende funcionar como um espaço de diálogo entre diferentes caminhos religiosos. Nele é possível encontrar informações sobre diversas tradições. Existe um grande acervo de artgios de diversos especialistas e acadêmicos. Vale a pena. 

Em uma reportagem sobre o May Day, Philip Heselton, autor dos já clássicos "Wiccan Roots" e "Gerald Gardner and the cauldron of inspiration" fala sobre Paganismo e Wicca.

Continuando algumas discussões já abordadas aqui no blog sobre a questão dos pesquisadores nativos e a relação entre pesquisa academica e religião, este artgio de Silas Guerreiro é uma importante contribuição a questão de como andam as pesquisas no Brasil na área das Ciências da Religião e seus desdobramentos tendo como foco esta delicada relação entre o pesquisador e seu objeto. É importante deixar claro que ainda continuo insistindo nesse tipo de discussão aqui no blog, pois acredito que as Ciências da Religião no Brasil ainda caminha em direção a uma afirmação que a diferencie não só dentro de uma dimensão epsitemológica como profissional em relação a nichos de atuação profissional. Este tipo de discussão aqui no blog também está relacionado a afirmação do Pagan Studies como área de concentração de pesquisa. Uma boa fonte sobre as discussões relacionadas ao desenvolvimento desta área pouco explorada no Brasil é "Researching Paganisms". Bom, em relação ao artigo aqui aprese

Neste programa dividido em oito partes, o filósofo Mário Sérgio Cortella (PUC/SP), o antropólogo e cientista da religião Silas Guerreiro (PUC/SP) e o tarólogo e terapeuta  Sérgio Padovan conversam sobre o ocultismo. Um programa muito interessante. Este é o primeiro vídeo, os outros também podem ser vistos no youtube.

Um dos mais importantes historiadores brasileiro, Ciro Flamarion Cardoso, nos traz um interessante artigo publicado na Revista Plura da ABHR.  "Uma reflexão sobre a importância da transcendência e dos mitos para as religiões a partir do episódio da reforma de Amarna, no antigo Egito". "Este texto aborda, à luz das fontes primárias disponíveis (escritas e iconográficas), o período da reforma amarniana no antigo Egito, a partir de duas hipóteses sobre o que seria o caráter central dessa reforma, isto é, a eliminação de qualquer transcendência e aquela do pensamento mítico. As consequências de tais decisões mostram, mediante o fracasso da reforma tentada  pelo  faraó Akhenaton, a enorme importância da transcendência e dos mitos para o pensamento religioso" (texto retirado do resumo do artigo) Para mais artigos da revista entre no site

Uma bela surpresa foi encontrar esta história, um belo livro que nos remete a um dos períodos mais intensos da História, em que parecia haver não uma disputa entre os seres humanos e suas crenças, mas entre os próprios deuses. Recomendo a leitura deste livro por um único e simples motivo. É uma leitura prazerosa. Parabéns ao autor, Odir Fontoura. Para quem se interessar o livro está disponível gratuitamente (clique na imagem para baixar). Para saber mais sobre o tema visite o blog do autor .

Reportagem veiculada na seção Folhateen do jornal Folha de São Paulo no dia 18/07/2011, intitulada "Hogwarts é aqui" .

Foi lançado o número atual da REVER. Título:  Desigualdade de Gênero e Religião. A sessão temática foi organizada por Maria José Rosado e Paula Leonardi

Site do Congresso

Vibra do cio subtil da luz, Meu homem e afã Vem turbulento da noite a flux De Pã! Iô Pã! Iô Pã! Iô Pã! Do mar de além Vem da Sicília e da Arcádia vem! Vem como Baco, com fauno e fera E ninfa e sátiro à tua beira, Num asno lácteo, do mar sem fim, A mim, a mim! Vem com Apolo, nupcial na brisa (Pegureira e pitonisa), Vem com Artêmis, leve e estranha, E a coxa branca, Deus lindo, banha Ao luar do bosque, em marmóreo monte, Manhã malhada da àmbrea fonte! Mergulha o roxo da prece ardente No ádito rubro, no laço quente, A alma que aterra em olhos de azul O ver errar teu capricho exul No bosque enredo, nos nás que espalma A árvore viva que é espírito e alma E corpo e mente - do mar sem fim (Iô Pã! Iô Pã!), Diabo ou deus, vem a mim, a mim! Meu homem e afã! Vem com trombeta estridente e fina Pela colina! Vem com tambor a rufar à beira Da primavera! Com frautas e avenas vem sem conto! Não estou eu pronto? Eu, que espero e me estorço e luto Com ar sem ramos onde não nutro Meu corpo, lasso do abraç

“Sociedades Secretas: Mais mentiras do que mistérios”. É esta a chamada da capa da revista RHBN de junho. A explicação da imagem da capa, que pode muito bem servir como prefácio, podemos dizer, do dossiê deste mês é escrito, e muito bem escrito, pela professora Eliane Moura da Silva, uma das poucas pesquisadoras da área de História no Brasil que se debruça no estudo das correntes esotéricas, espiritualistas e herméticas. Li todos os artigos de seu site pessoal , então posso dizer que estou um pouco familiarizado com sua linha de pesquisa, mas os outros autores eu não conhecia,  e que grata surpresa conhece-los, como é o caso de Marco Morel, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e co-autor de “O poder da Maçonaria – A História de uma sociedade secreta no Brasil” Nova Fronteira, 2008. Seu texto apesar de ser bem sucinto, consegue passar muitas informações interessantes. Não é um texto que tem por objetivo informar muita coisa sobre a maçonaria em si, mas está mais volta

Não é nenhum mistério que o grande poeta português Fernando Pessoa era um interessado no campo do ocultismo. Seu clássico encontro com Crowley rendeu e rende até hoje boas histórias. Pessoa tinha grande interesse pelo oculto e sua obra é rica a referências pagãs. Nesse sentido indico duas obras que são praticamente novíssimas. A primeira refere-se ao encontro de Crowley e Pessoa, é o denso livro organizado pelo sobrinho de Pessoa, Miguel Roza. Documentos e cartas embasam o trabalho de 569 páginas. Sinceramente fiquei encantado com os dois livros que aqui indico. Mas devo confessar que é uma indicação às cegas, já que não tive tempo de ler os livros. Sempre tive curiosidade de saber um pouco mais sobre os aspectos ocultistas e em certo sentido pagãos nas obras de Pessoa. Claro que já garanti os livros, só falta tempo de lê-los. "Econtro Magick" é publicado pela Editora Assírio e Alvim,  só há a edição portuguesa. O outro livro é "O paganismo em Fernando Pessoa e sua proj

Esse mês os pagãos do Hemisfério Norte comemoraram o Beltane, a celebração da fertilidade, não cabe aqui fazermos uma descrição do significado deste dia, já que as explicações podem ser encontradas aos montes por aí. "Para os wiccanos, o ciclo sasonal determina o posicionamento dos rituais" (CUNNINGHAM 2003:121), e não só os wiccanos, ou seja, os chamados bruxos neo pagãos, utilizam o calendário sasonal como também outras formas de religiosidade neo pagãs.  O elemento mais representativo desta data é sem dúvida o Maypole (o mastro de Maio), e a dança circular com as fitas, como elemento representativo do feminino, sendo enroladas ao mastro, representativo do elemento masculino. Diversos grupos festejam e organizam festivais nesse dia. As comemorações refletem muito bem a dimensão micro e macro da crença pagã, pois nesse dia a data é lembrada através comemorações formais até grande festivias, desde pessoas que celebram em sua casa, em grupos ou solitariamente, até grandes enco

O II Simpósio Brasileiro de Hermetismo e Ciências Ocultas, que será realizado nos dias 23, 24 e 25 de junho de 2011, tem por objetivo trazer luz a esta discussão. Com apoio da Associação Educacional Sirius-Gaia, o evento tem como tema geral a discussão sobre as práticas ocultistas. Ler mais ...

De 30 de maio à 03 de junho de 2011

A décima edição da História Agora traz o primeiro volume do dossiê Religiões e Religiosidades no Tempo Presente . As contribuições selecionadas para este primeiro volume – um segundo será lançado em maio de 2011 - apontam para experiências diversas com o sagrado, sublinhadas pela proximidade temporal e pela pluralidade, marcadas por abordagens que em grande parte interpolaram narrativas orais de memória a fontes escritas, feitas por pesquisadores de áreas distintas – e ao mesmo tempo próximas - como a História, as Ciências da Religião, a Psicologia e a Sociologia. continuar lendo...

  Faun: Andro (live)

  Imagem: Women's International Terrorist Conspiracy from Hell - W.I.T.C.H O artigo de Kristian Aune publicado em 29 de março de 2011 no "guardian.co.uk" é no mínimo provocador, pelo menos a primeira vista. O título: Por que as feministas são menos religiosas? Dentro de um contexto pagão do qual estamos acostumados a discutir e debater pode parecer quase que como uma afronta ao príncipio da feminilidade que, ao longo da construção do paganismo moderno tornou-se tonou-se quase que como o próprio princípio básico do movimento. Pelo menos dentro de uma tendência mais diânica, cuja as raízes mais radicais podem ser recuadas até as adeptas da tradição "reclaiming", a noção de espiritualidade feminina representada na figura da Deusa (ou seus arquétipos, como preferem muitos wiccanos de tendência diânica) é quase que uma unânimidade dentro da religiosidade wiccana. Claro que num primeiro momento chama a atenção o título do artigo por pressupor uma falta de religiosi