Feministas menos religiosas?

 Imagem: Women's International Terrorist Conspiracy from Hell - W.I.T.C.H

O artigo de Kristian Aune publicado em 29 de março de 2011 no "guardian.co.uk" é no mínimo provocador, pelo menos a primeira vista. O título: Por que as feministas são menos religiosas? Dentro de um contexto pagão do qual estamos acostumados a discutir e debater pode parecer quase que como uma afronta ao príncipio da feminilidade que, ao longo da construção do paganismo moderno tornou-se tonou-se quase que como o próprio princípio básico do movimento. Pelo menos dentro de uma tendência mais diânica, cuja as raízes mais radicais podem ser recuadas até as adeptas da tradição "reclaiming", a noção de espiritualidade feminina representada na figura da Deusa (ou seus arquétipos, como preferem muitos wiccanos de tendência diânica) é quase que uma unânimidade dentro da religiosidade wiccana. Claro que num primeiro momento chama a atenção o título do artigo por pressupor uma falta de religiosisade, se pensarmos que o neo paganismo em geral é tributário quase que inteiramante em grande parte de suas vertentes e tradições do radicalismo feminista. O que estaria acontecendo então para Kristian Aune falar de uma diminuição da religiosidade das feministas? A questão é respondida pela própria autora do artigo. Não é que as mulheres feministas não estão perdendo sua religiosidade, elas simplesmente não estão mais buscando as formas tradicionais de religiosidade, estão sim, buscando formas alternativas de espiritualidades. Seria o paganismo uma delas? Obviamente essa afirmação não é a invenção da roda. Já houve vários estudos em que a relação paganismo/ feminino mostrou-se evidente. O diferencial apresentado por Kristin e Catherine Redfern em seu livro Reclaiming the F-World: The New Feminist Movement, parece ser o de constatar (através de uma definição diferenciada de duas categorias religiosidade/espiritualidade) que "as feministas são menos propensas a serem religiosas e mais propensas a buscarem formas de espiritualidades alternativas". Bom, sinceramente não li o livro, mas pelo artigo não há uma delimitação clara entre o que é uma nova espiritualidade e uma religiosidade. Mas pude deduzir que o termo "religioso" enquadra-se no que podemos chamar (cuidado com estas categorias) de religiões mundias, ou seja o mainstream. Mas a discussão proposta pelas autoras não é exatamente delimitar categorias do tipo o que é religião, por isso não adianta descutirmos isto neste momento. O que também chama a atenção neste interessante artigo é a constatação da pesquisa das autoras de que a falta de interesse das feministas na religião também é acompanhada por uma atração um pouco maior em formas alternativas de espiritualidade, por isso a busca por religiões (ou espiritualidades?) que não estão no mainstream (mundiais), pois estas parecem evocar os valores que ajudaram a propagar a opressão, sendo assim as outras formas alternativas de espiritualidade são vistas por algumas feministas como possuidoras de um caráter mais igualitário no que se refere a questão dos gêneros. Enfim como conlui Kristin: "O mais importante de tudo é que "no século XXI a religião tornou-se visível novamente". Sendo assim deve ser discutida e não pode ser eliminada nem ignorada dentro de uma agenda feminista.

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