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Mostrando postagens de janeiro, 2011

O filme "Caça às bruxas" - "Season of the Witch"

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 Ontem assisti ao filme Caça as bruxas, pensei em não escrever nada sobre o filme, (não sou critico, nem um fanático por cinema) mas andei lendo algumas críticas sobre ele e resolvi dar minha opinião. A maioria dessas críticas são relativas a imagem negativa que se tem da bruxaria, outra dessas críticas é relacionada a produção estética do filme, jogo de luz, fotografia, etc. Sinceramente não presto muito atenção em detalhes tão minuciosos como “jogos de luz”, ou coisa do tipo, então não posso opinar sobre esses assuntos. Fui ver ao filme com a intenção de ver se existia uma imagem distorcida da bruxaria, como andei lendo. Vamos aos pontos. Primeiro, o filme começa mostrando uma aldeia em 1235 d.C, entre 1227 e 1235 foi estabelecida a Inquisição papal. Nesta época a mínima suspeita já era prova suficiente para se executar o suspeito. Aliás, “os bispos foram encorajados a ampliarem suas próprias inquisições” (Russel e Alexander 2007, 76), deve ser por isso que a primeira cena do filme

Norman Lindsay: A arte pagã.

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Esses dias encontrei um artigo interessante na Ontologia da Green Egg Omelette, aquela revista pagã famosa nos Estados Unidos criada por Oberon Zell-Ravenheart. Era um escrito por Caroline Tully sobre Norman Lindsay (1879-1969) um pintor australiano que pintava aquarelas, desenhava, era escultor, e aí vai. Foi acusado de promover pornografia, corromper a juventude e até de satanismo. Tully descreve que Norman esteve bastante envolvido na promoção da estética neo pagã greco-australiana. Um homem que tinha vários interesses em temas comuns ao neo paganismo de hoje, como Mitologia, espiritualismo, sexualidade feminina e natureza, uma concepção que segundo Tully poderia colocá-lo na forma do que entendemos pelo termo "pagão", era uma visão de mundo única. O quadro de Normam, " Crucified Venus" é uma resposta ao que ele via como a hipocrisisa do sexo, numa  época em que a moral vigente enxergava o prazer no sexo como algo negativo. É uma obra contra a concepção de sexo-f

Reflexões históricas sobre o paganismo moderno.

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Um dos aspectos mais relevantes dentro do que se entende por paganismo como um movimento moderno, é sua romantização, seu caráter romântico, não num sentido de alienação, pois esta pode ser uma leitura feita por quem não entende o paganismo moderno e apenas o coloca dentro de um contexto de “escapismo”, como foi sugerido pelos primeiros pesquisadores nas décadas de 70 e 80, na verdade até antes, desde por exemplo, Elliot Rose. Acontece que a defesa do paganismo como uma forma de Religião já encontra antecedentes antes mesmo de Margaret Murray, Michelet, ou seja, entre os mais comumente citados. Primeiramente, além do caráter puramente literário de valorização do paganismo, também encontramos argumentos teológicos e morais. Por exemplo, a questão da magia, que como base do paganismo moderno (seguindo a linha de Joanne Pearson) não é algo de hoje. Nesse sentido valorizar o paganismo, é valorizar a magia. A história da magia no ocidente, podemos dizer sem exageros passa definitivamente pe

Entrevista com Dr. Frank Usarski

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Em 2009 a Idéias e Letras publicou "O Budismo e as outras: Encontros e desencontros entre as grandes religiões mundiais" , do primeiro professor livre Docente do Brasil em Ciências da Religião Dr. Frank Usarski. O livro trabalha não só através de uma perspectiva histórica mostrando o diálogo do Budismo com as outras religiões, mas também mostra um dinâmica de construção de uma religião pela ótica da Ciências da Religião, só estes dois aspectos valeriam para tornar a obra um trabalho inédito de qualidade intelectual. Qualquer pessoa que se interessa pelo estudo das Religiões deveria lê-lo, além de sua abordagem única, vale dizer que o autor é um dos grandes pesquisadores do tema, fazendo parte da vanguarda em âmbito mundial, enfim uma leitura recomendada aqueles que se interessam por Religião e História. Abaixo segue talguns trechos da entrevista do professor feita por Moisés Sbardelotto a IHU online de 21/06/2010. IHU On-Line – Em um dos capítulos do livro, o senhor fala de

Foto

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Uma Aquelarre numa caverna em Zugarramurdi/ Espanha, no Solstício de Verão de 1998, foto de Reuters para a National Geographic .

A dessacralização da Natureza e a consciência ambiental pagã

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“Quem não se lembra do interesse com que, quando jovem, explorava os declives rochosos em busca de alguma caverna? Sobrevive em nós o pendor natural por essa vivência de nossos ancestrais mais primitivos. Das grutas evoluímos para os tetos feitos de folhas de palmeiras, cascas e galhos de árvores, tecidos de linhos estendido, capim e palha, pranchas de madeira e lascas de ardósia, pedras e telhas. Por fim, desconhecemos o que é viver ao ar livre, e nossas vidas são domésticas em mais aspectos que supomos” (Henry D. Thoreau – 1817-1862)   1850 -Óleo sobre tela de E. F. Schute. Cachoeira de Paulo Afonso             Atualmente a questão da preservação do meio ambiente vem cada vez mais ganhando destaque. A relação do homem com a natureza é vista hoje em dia pelo neo paganismo como destrutiva. Uma visão que se resumiria da seguinte forma: O ser humano tomado pela ganância do progresso e do dinheiro se impôs à natureza assumindo uma posição egoís

Wiccanos em caminhada a favor da liberdade religiosa

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Hoje acontece o lançamento do DVD "Caminhando a gente se entende", vídeo sobre a terceira caminhada contra a intolerância religiosa e que contou com a presença mais uma vez de praticantes da Wicca, (terceria vez no evento) leia o artigo de Og Sperle (Sumo Sacerdote Wiccano) na página do evento.  

O Paganismo entre a Religião e a Acadêmia

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A presente postagem foi publicada originalmente no blog de Chas S. Clifton ,  e fala sobre a questão da crença e do saber acadêmico. Eu sinceramente nunca parei para pensar no lado do paganismo, apesar de ter encontrado muita cara feia sobre minha pesquisa, até mesmo na instituição que estudo. Já presencie algumas discussões entre “crentes” (o termo aqui não se refere a nenhuma religião específica) e professores com uma postura mais cética (no sentido de imparcialidade), mas sempre envolvendo partes protestantes e católicas nunca pagãos (por incrível que pareça foi na academia que recebi criticas do tipo “você está tentando reescrever a história do paganismo” – o que acho impossível, a não ser que já encontram uma definição de História total do tipo Universal, pois o que acredito são em pontos de vista de sujeitos históricos, pois história não é só uma). Essa questão entre academia X religião dá muito pano para manga e não gostaria de finalizá-la aqui, este artigo de Chas S. Clifton é

Belas Imagens

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Belas imagens do solstício de verão de 2009 pelo mundo. Este site reúne algumas dessas fotografias. Russia, Saturday, June 20. AP / Sergey Ponomarev   Summer Solstice at Stonehenge on June 21 Getty Images / Matt Cardy   Tiahuanaco (near of  La Paz, Bolívia) June 21. AFP / Getty Images / Aizar Raldes

Alemanha - Entre futuras adaptações

Este texto foi escrito originalmente por Uta e Theo, publicado no site: http://beaufort.bravepages.com/ggrdtrad.html Como a arte chegou na Alemanha? A Wicca chegou à Alemanha em 1984, quando a Ordo Saturni (organização alemã baseada nos príncipios da Thelema) convidou Alex Sanders para um workshop numa pequena vila em Vestfália. Como Alex queria encontrar um Coven alemão, algumas pessoas que praticavam a Wicca Gardneriana através de livros (sem nehuma conexão com a Wicca gardenriana britânica) também foram convidadas. Mais tarde Alex iniciou um deles na Wicca Alexandrina. A conexão Gardneriana. Em 1988 um destes iniciados encontrou Viviane Crowley no funeral de Alex e convidou-a para dar um workshop na Alemanha. Como Viviane e Chris possuem ambos tanto a iniciação na tradição gardneriana como na alexandrina você pode dizer que a Wicca Garderiana chegou à Alemanha em seguida. A Wiccan Rede foi fundada em 1990 o Pan European Wiccan Gathering e desde então reunindo-se duas vezes ao

Religião e Universidade

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As Universidades tem de responder a diversidade religiosa de hoje? Se ela tem de atender a sociedade, como diz o discurso cientifico moderno, falta abrir espaço de diálogo a outros campos e outras minorias religiosas. A idéia de que uma religião só é religião se é entendida pelos cientistas sociais como tal é verdadeira? Quem diz que certa manifestação é uma religião ou não? Essas são questões que com certeza o neo paganismo lidou na América do Norte e na Austrália e tem de lidar em outros países inclusive o Brasil. Toda a discussão perpassa o que se entende por Religião em cada país também. Bom mas esse post está mais voltado a nossa discussão sobre o papel da Universidade na sociedade, já que vamos considerar o neo paganismo como uma manifestação religiosa que pode ou não ser entendida como uma religião, não por seus adeptos que na maioria esmagadora não tem dúvidas quanto a isso, mas na própria acadêmica. Resumindo, a universidade como instituição tem o papel e até mesmo poder de l

O Destino na concepção grega através de Homero

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Esses dias tava passando um documentário sobre mitologia e falava muito sobre destino. Mas nós temos uma concepção de destino, será que é igual a dos gregos? Não sou especialista em História Antiga, muito menos em filosofia onde poderíamos talvez encontrar muito sobre esse conceito principalmente nos filósofos  gregos fundamentais, mas como ultimamante tenho feito muita análise de textos, romances, e outros, isso devido a minha dissertação, acho interessante buscarmos explicações em obras que não são necessariamentes voltadas a definição ou conceitualização de determinadas concepções, sendo assim, pensei em saber um pouco mais (um pouco mesmo) sobre a concepção de "destino" através de Homero. Bom o que encontrei foram alguns fragmentos que mencionam a idéia de "destino", coisa simples não espere um tratado sobre o assunto, até porque não sou o mais indicado para abordar temas ligados a História Antiga, principalmente os clássicos, como estou nomento trabalhan

American Mystic

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Este é o trailer de "American Mystic" (2010) um documentário americano da diretora Alex Mar que mostra a vida de três jovens místicos modernos, um espírita que está estudando para ser médium, um sundancer (espiritualidade indígena), e uma bruxa. No site "Wild Hunt" há uma entrevista com Alex Mar sobre o documentário. Pelas informações o filme parece seguir uma dinâmica em primeira pessoa sem cometários de especialistas ou algo do tipo, o que é bastante interessante pois podemos tirar nossas próprias conclusões. 

Curiosos, Religiões e Museus.

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1951 seria a data perfeita para se inaugurar um museu, principalmente com um acervo relativo a bruxaria e a magia, já que este ano como sabemos foram derrubados os famosos últimos atos contra a bruxaria de 1735 (com uma ajudinha da frente espírita que ganhava força desde o período pós vitoriano por assim dizer), Gardner principalmente não deixava de se gabar em dizer que aquele era o museu da bruxaria em na ilha de Man era o primeiro do genêro no mundo. Publicidade não faltou, o famoso artgio de Allen Andrews Calling all covens é desse ano, Williamson deu entrevistas, e no final das contas Gardner conseguiu chamar a atenção de muita gente interessada na bruxaria que acabaram tornando-se interessadas também em participar, mandavam cartas à Williamson repassava-as à Gardner, já que tinham um acordo de divisões de tarefas, Gardner era responsável pela parte mais informativa do museu. Mas será que foi o primeiro museu mesmo? Não sabemos, Aqui em terras tupiniquins lá pelo idos do começo d

Natureza X Cultura nas Religiões Neopagãs

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A primeira vista, parece muito amplo nosso recorte exposto no título, mas, como veremos não é. Antes de mais nada devemos explicar melhor nossa intenção. Nosso enfoque no presente artigo será em relação ao discurso que apresenta a história [1] da religiosidade neo-pagã baseada numa religião natural. Sendo assim pretendemos mostrar como a dicotomia Natureza X cultura é superada dentro das chamadas religiões reconstrucionistas. Essa superação, como veremos, acontece na medida em que para os neo-pagãos a religião (religião no sentido de sagrado) é algo inerente ao ser humano desde tempos imemoriais, e também pela valorização de diferentes culturas para composição de seu instrumental religioso.             Na questão da história apresentada pelos neo pagãos, utilizaremos como linha de análise principalmente as conclusões e apontamentos de autores que fazem uma observações dessas religiões reconstrucionistas através da corrente pagan studies. Esta linha de pesquisa ganhou força nos Estad

Margot Adler sobre o revisionismo histórico na moderna bruxaria neo-pagã

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O artigo abaixo foi escrito por Margot Adler logo depois que o livro de Ronald Hutton “ Triumph of the moon " (1999, lá se vai alguns anos) foi lançado provocando (e ainda provoca) um certo desconforto em muitos bruxos neo pagãos modernos. É um artigo interessante, quase um desabafo de alguém que é wiccana mas também uma estudiosa acadêmica. Um tempo de Verdades Wiccanos enfrentam as informações revisionistas de sua história Margot Adler Tradução: Celso Luiz Terzetti Filho             A maioria das pessoas estão familiarizadas com a discussão entre o que se coloca como versão literal e metafórica na história do cristianismo e do judaísmo, mas geralmente desconhecem que  na Wicca tem havido uma discussão similar. Algumas tradições wiccanas buscam nos escritos do século XIX ou nas descrições de covens originais que podem ou não podem ter existido antes de 1930. Outros grupos surgiram da moderna espiritualidade feminina; outros ainda vieram de visões de mestres específicos. Reclai

Iconografia bruxesca segundo Umberto Eco

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Podemos dizer que graças a Escola dos Annales temos uma ampliação da noção de documento histórico. Não é necessário dizer que imagens são importantes fontes históricas que nos dão uma leitura de determinado contexto, mesmo que na maioria das vezes indiretamante, afirmando e reporduzindo valores, costumes  práticas, etc. presentes nesse contexto ou negando-os. A bruxaria de fato é uma história de imagens, poelos pequenos detalhes os historiadores identificam elementos que nos ajudam a entender a mentalidade da época em que determinada figura, quadro, obra foi produzida. No livro "Pensando com demônios" Stuart Clark se utiliza do desenho feito por Hans Baldung Grien (1480-1545) que mostra três bruxas, dessa gravura  começa toda sua explicação que abrangera quase mil páginas de estudo sobre a idéia de bruxaria na Europa Moderna. Em outra ocasião postei um vídeo com uma entrevita de Umberto Eco falando sobre seu livro "História da Feiúra" (Ed. Record), abordando princi