Iconografia bruxesca segundo Umberto Eco

Podemos dizer que graças a Escola dos Annales temos uma ampliação da noção de documento histórico. Não é necessário dizer que imagens são importantes fontes históricas que nos dão uma leitura de determinado contexto, mesmo que na maioria das vezes indiretamante, afirmando e reporduzindo valores, costumes  práticas, etc. presentes nesse contexto ou negando-os. A bruxaria de fato é uma história de imagens, poelos pequenos detalhes os historiadores identificam elementos que nos ajudam a entender a mentalidade da época em que determinada figura, quadro, obra foi produzida. No livro "Pensando com demônios" Stuart Clark se utiliza do desenho feito por Hans Baldung Grien (1480-1545) que mostra três bruxas, dessa gravura  começa toda sua explicação que abrangera quase mil páginas de estudo sobre a idéia de bruxaria na Europa Moderna. Em outra ocasião postei um vídeo com uma entrevita de Umberto Eco falando sobre seu livro "História da Feiúra" (Ed. Record), abordando principalmente as imagens das bruxas. Agora coloco aqui uma seleção de algumas imagens que compõem o belissímo livro, claro que existem uma infinidade de gravuras, desenhos e pinturas com o tema da bruxaria, mas coloquei apenas as que aparecem no livro, nada melhor do que ler o livro, que sinceramente não acrescenta muita coisa, na verdade é uma compliação de alguns trechos de documentos, como a bula de Inocêncio VIII "Summis desiderantes affectibus" (1484), a famosa autorização do Papa de caça às bruxas aos inquisidores Henry Kramer e James Sprenger dando-lhes poderes ilimitados de atuação na sua obra. "Além disso, gozarão da plena faculdade de expor e de pregar a palavra de Deus aos fiéis, tanto quanto for oportuno e quanto lhes aprouver, em cada uma das paróquias de tais províncias, e haverão de livre e licitamente realizar quaisquer ritos ou executar quaisquer atos que possam lhes parecer recomendáveis nos casos mencionados. Pela Nossa autoridade suprema, conferindo-lhes poderes plenos e irrestritos" ( O martelo das feiticeiras, p.45). Vale lembrar que Umberto Eco é um semiótico, valoriza a iconografia como um objeto importante de pesquisa, sendo assim uma das imagens, não é de surpreender, é a da bruxa da Branca de Neve, esse reconhecimento da cultura visual contemporânea não é surpresa quando se trata de Eco, quem leu a "A misteriosa chama da rainha Loana" (Ed. Record) sabe do que estou falando. Recomendado


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