O Paganismo entre a Religião e a Acadêmia

A presente postagem foi publicada originalmente no blog de Chas S. Clifton,  e fala sobre a questão da crença e do saber acadêmico. Eu sinceramente nunca parei para pensar no lado do paganismo, apesar de ter encontrado muita cara feia sobre minha pesquisa, até mesmo na instituição que estudo. Já presencie algumas discussões entre “crentes” (o termo aqui não se refere a nenhuma religião específica) e professores com uma postura mais cética (no sentido de imparcialidade), mas sempre envolvendo partes protestantes e católicas nunca pagãos (por incrível que pareça foi na academia que recebi criticas do tipo “você está tentando reescrever a história do paganismo” – o que acho impossível, a não ser que já encontram uma definição de História total do tipo Universal, pois o que acredito são em pontos de vista de sujeitos históricos, pois história não é só uma). Essa questão entre academia X religião dá muito pano para manga e não gostaria de finalizá-la aqui, este artigo de Chas S. Clifton é o que escolhi para abrir uma discussão que está muito presente nos cursos que envolvem estudos religiosos, Um dos meus autores favoritos que descreve sobre essa questão é Hans-Jürgen Greschat o outro é Michael Pye, um dos livros que mais me ajudaram a refletir sobre a diferença da Teologia com a Ciências da Religião foi o de Greschat “O que é Ciência da Religião", muito bom. Aos poucos vou postando algumas considerações e pontos de vista (meu e de outros autores) sobre essa questão tão presente. 


Por que fazemos Estudos Pagãos
Por Chas S. Clifton
Durante o primeiro semestre de pós-graduação me contaram uma história para servir de alerta. Era sobre um pastor cristão que havia voltado de um doutorado em estudos religiosos. Mas que um dia se encheu e se levantou da mesa de um seminário e disse: “É do meu Jesus que vocês estão falando!” A reação do pastor foi a de um típico crente/praticante. Talvez ele esperasse que seus estudos aprofundados em religião fortalecessem sua fé. Ele resistiu em deixar de lado suas pretensões à verdade cristã. Leia este post no blog Religion in American History sobre um ataque a um professor de Estudos Católicos que criticou a hierarquia católica romana. Os comentários até agora são inteligentes. O problema, no entanto, é uma constante mesmo entre os praticantes pagãos (Eu não gosto do termo “crente”) e estudiosos dos Estudos Pagãos, que são na verdade a maioria, mas nem todos os praticantes do paganismo são moldados de acordo com a moda. Estudos Religiosos não são não-teístas ou ateus, Mas não é Teologia. Há alguma tensão entre as duas abordagens. (Devo ressaltar que a AAR inclui teólogos também, embora alguns pensem que a academia é a atormentada por um perigoso liberalismo religioso.

(Recentemente num grupo de discussões on-line um “pedante” afirmou que os Estudos Pagãos perseguem seus interesses intelectuais apenas para crescer em status dentro da comunidade pagã. Dificilmente. Para todos os fãs que você pode ganhar há alguém pronto para denunciá-lo como inimigo do verdadeiro Paganismo)

Por exemplo, quando eu estava escrevendo Her Hidden Children: The Rise of Wicca and Paganism in America, uma das questões que eu desejava tentar responder era: “O que nós (os pagãos) queremos dizer quando estamos falamos sobre religião natural?”
Você vai ter uma visão diferente com um diferente “nós” quando ler  Dark Green Religion: Nature Spirituality and the Planetary Future de Taylor Bron. Então se eu fosse revisar (e não tenho planos para isso) Her Hidden Children, eu teria que levar em conta suas idéias. A conversa iria continuar. Não é que eu estou certo e ele está errado ou vice-versa, mas eu teria que levar em consideração diferenças e semelhanças, influências intelectuais (por exemplo, ele dá à Henry Thoreau muito mais espaço do que eu) e assim por diante, porque acho que Dark Green Religion é um livro importante, e seria uma omissão gritante ignorá-lo agora.
Estes são apenas dois livros contra a enxurrada de textos orientados para praticantes lançados pela Llewellyn e outras editoras. E nem eu nem Bron (tanto quanto eu sei) estamos ensinando em workshops do tipo “Como ser um melhor religioso natural”, com músicas, exercícios de respiração, etc. Outras pessoas podem fazer isso melhor. O público quer ouvir um alto-falante com um treco. Nós fazemos o que fazemos porque gostamos de pensar sobre essas coisas, tentando encontrar caminhos através dos arbustos intelectuais. (Eliade costuma usar este tipo de caminho com arbusto para subir os morros. O caminho ainda é útil?) Enquanto isso você aprende a discutir se existe tal coisa como uma “religião”, mesmo continuando a usar o termo.


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