Debate sobre magia? religiões afro-brasileiras X evangélicos

Que a tv aberta é campo a ser garimpado, onde se encontra mais impurezas do que jóias todo mundo ta cansado de saber. Ontem, um programa de auditório da rede tv,o "superpop", levou a sua arena sensacionalista três evangélicos e três umbandistas. As questões eram em torno da magia, eles respondiam coisas do tipo: Magia existe? é do bem? Quem pensou em ver um debate realmente sério sobre a questão e decepcionou. O debate descambou para troca de farpas entre religiões afro e evangélicos. Um dos pastores que compunha a ala evangélica era uma daquelas pessoas ex-alguma coisa, mais especificamente um ex-satanista, pelo menos ele se dizia assim, e definiu a magia como sendo algo relacionado a sensibilidade, uma coisa bizarra que não deu muito para entender, tentou exemplificar dizendo que a magia só funciona para o bem de alguém se levar outra pessoa a ruína, ou por saúde, ou financeiramente. Disse que para alguém se curar outro tem que adoecer, essa é a Lei do Vodu, segundo ele. Outra figura "importante" da ala evangélica era uma ex-ronaldinha, não sei bem o que ela é. Assim como os outros possui uma "vasta experiência" na Umbanda frequentando muitos terreiros,  e por isso tinha propriedade para falar. O que deixa a gente um pouco desconfortável vendo um debate desse nível é falta de compreensão da religiosiade do outro. Não estou dizendo que não é necessário termos discussões como essa, pelo contrário, voce ligar a tv e ver um debate sobre magia e religiões colocando seu ponto de vista é um achado, pelo menos para quem se interessa pelo tema, ou tem interesse no diálogo religioso. O que acabou ficando um pouco maçante foi o fato de que os evangélicos (não tenho nada contra) insistiam em serem mais espertos do que os ubandistas, até mesmo querendo mostrar que entendiam mais. Por que? Porque eles vivenciaram aquilo, eram conhecedores daquilo tudo, de magia, magia negra, feitiços, encantamentos. No final o debate acabou tornando-se um "testemunho de fé", e a ala umbandistas tentava em pequenos espaços colocar seu ponto de vista, já que a maior parte do tempo tinha que se prestar a um discurso defensivo. Infelizmente (ou felizmente como um estudo sociológico) para a Umbanda ou qualquer outra religião afro-brasiliera ou qualquer outra que pratica magia, um microcosmo retratro de uma situação macro no Brasil, intolerância e não aceitação do outro. O ex-satanista insistia que presidentes e políticos na história do Brasil morreram ou tiverm suas vidas desgraçadas por causa do satanismo (?), ...! Nada a declarar. O pai de Santo lá presente foi o único que tentou esboçar algum tipo de ecumenismo dizendo que "O Pai é indivizível, os homens é que dividiram Ele". Sinceramente na minha opinião, foi um debate não sobre magia, mas um defesa sobre posições religiosas. O resultado de tudo isso é que a magia ainda continua relegada à inferioridade numa perspectiva ocidental. O debate de ontem me lembrou uma passagem do estudo  de Joanne Pearnson, Em seu livro "Wicca and the Christian heritage" (2007) ela escreve, que as "definições no estudo da religião foram magia impostas por acadêmicos imperiais, homens, brancos, ocidentais e protestantes”. (PEARSON 2007, 94). Parece que a perpetuação dessa visão da magia como algo inferior segue pelo mesmo caminho. Para quem quiser entender um pouco mais sobre magia na Umabanda, recomendo o artigo de Artur Cesar Isaia, "Religião e Magia na Obra dos Intelectuais da Umbanda" (2008)

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