Paganismo e Música


Lendo sobre o documentário  de 2009 "pagan metal" resolvi escrever esse post depois de assisti-lo inspirado pela crítica de Chas Clifton em seu blog. Dentro da música "metal" existem intermináveis variações, definidas tanto por harmonias, quanto combinações de instrumentos, técnicas, velocidade, dentre outros elementos. Um dos gêneros que ultimamente vem ganhando força no cenário Europeu é o "pagan metal", segundo alguns críticos de música, ganhando até mais espaço que seu predecessor similar ao genêro,o Black metal (similar em termos de conteúdo e não harmonia, apesar de algumas bandas terem certa similaridade). Na verdade a variação deste novo genêro está na utilização de instrumentos ditos "folk" como tambores, flautas, bandolins, etc. Algumas críticas descrevem o "pagan metal" como um autêntico resgate da musicalidade mais ancestral, e primitva, acredito que esta é a proposta do documentário, mas para outros, é difícil enxergar algo "pagão" nessas bandas, no sentido de algum elemento religioso, se é que o "pagan Metal" carrega algo de paganismo no sentido de uma forma de culto primitivo. Nessa perspectiva muitos colocam que o "pagan metal" é apenas um gênero que de "pagão" só tem os elementos musicais e harmonia de instrumentos não convencionais. No filme aparecem várias bandas tidas como expoentes chave do genêro, Korpiklaani, Primordial, Finntroll, Ensiferum, Leaves Eyes, Turisas, e Tyr. Destas, ouço e gosto particularmente de "Primordial", uma banda que apesar das críticas acima possuem letras que são verdadeiros discursos contra a dominação cristã por exemplo, quem tiver interesse ouça a música "As Rome burns", uma clara exaltação de levante contra os romanos, a música parece um hino, com partes realmente cativantes, "Sing, sing, sing to the slaves, sing to the slaves that Rome burns". Pelas críticas e pelos trechos que assisti do documetário, pouco se falou realmente de um conteúdo como esse que poderia ser muito bem abordado, a ênfase ficou na dinâmica musical, talvez uma falha do documentário, já que acredito que o gênero vá muito mais além do que apenas guitarras e tambores misturados. Outro documentário que foi lançado quase que ao mesmo tempo que "pagan metal: a documentary" foi "Until the light take us", sobre o genêro Black Metal, mais restrito às bandas originais do gênero na Noruega, como Mayhen, Burzun, Darkthrone. O filme é interessante e na minha opinião dá mais atenção a própria, vamos dizer assim, "filosofia" black metal, ainda por cima há trechos em que Varg Vikerns conta sua versão das histórias por trás do black metal norueguês e a falsa idéia de aproximação com o satanismo, apesar de as primeiras bandas terem incentivado essa idéia, segundo Vikerns, em razão de ser algo que fosse extremamente chocante, muito mais por estética aliada a idéia de não conformismo com os padrões do que de fato um verdadeiro satanismo, já que eles se consideravam pagãos e não acreditvam no Diabo, sem dúvida fica claro que o paganismo norueguês presente nas bandas de black metal referiam-se muito mais à um extremismo de direita. Apesar de manterem um discurso contrário a assuntos políticos, (de forma explícita claro) o black metal norueguês retratado no filme é apresentado desde um sistema musical desinteressado e ingênuo feito por adolescentes que apenas queriam tocar suas guitarras de modo cacofônico (segundo Vikernes a idéia de chocar estava presente na música, na medida que quanto pior melhor, tanto que ele gravou seu primeiro disco do Burzun numa caixinha de som, e utilizou um fone de ouvido para gravar a voz, para dar a sensação de algo extremamante mal feito) até uma forma organizacional extremista com idéias que parecem remeter ao neo-nazismo. Fica claro que o paganismo retratado no filme está relacionado muito mais a uma "filosofia" reacionária do que um sistema religioso. É importante colocar que não estou fazendo nenhuma associação entre o black metal inicial norueguês com o neo-nazismo, o que estou dizendo é que há uma leitura que interpreta o paganismo norueguês (via black metal) como uma reação, parecido com o estilo neo-nazista. Essa associação foi feita pelo historiador Nicholas Goodrick-Clarke, segundo este,"embora o racismo, o extremismo de direita e a violência estivessem originalmente confinados à música do White Power, esse zeitgeist misantrópico posteriormente passou para a brutal percussão e crescendos ensurdecedores da música Black Metal" (2004, 275). Não devemos esquecer que o Paganismo na atualidade tem variações importantes e sociológicamente distintas, apesar de alguns traços comuns. O "Paganismo racial" é um exemplo de revitalização da noção de exaltação do arianismo, "tendo o odinismo como linha de frente, pelo menos é uma das que mais possuem subdivisões que compreendem os EUA, Europa, África do Sul e Austrália" (Goodrick-Clarke, 2004, 343). Sem dúvida os dois documentários são interessantes pontos de vista, mas acredito que "Until the light take us" mostrou um lado mais sociológico enquanto "pagan metal" ficou mais na musicalidade, os dois valem a pena ser vistos.

Para ver mais sobre esse tema:
http://blog.chasclifton.com/?p=2324
http://whiplash.net/materias/news_868/099462-korpiklaani.html
http://pignes.blogspot.com/2010/10/until-light-takes-us-legenda.html
http://www.myspace.com/blackmetalmovie
http://www.blackmetalmovie.com/
http://www.watchmoviescenter.com/Download-Pagan-Metal--A-Documentary-Movie

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