Bruxaria, Diabo e Cinema.

Para quem estiver interessado este é o LINK para o arquivo de meu artigo sobre o filme Haxan (1921) de Benjamin Christensen. Neste artigo procurei fazer uma análise que leva-se em conta os aspectos da contrariedade e inversão no discurso e retórica presentes nos tratados demonológicos da Europa Moderna, tendo como base principal a obra de Stuart Clark, "Pensando com Demônios" (2007) que trata de forma substancial esses elementos de organização mental dos autores modernos. Claro que para uma melhor leitura e estudo não pude deixar de realizar recortes, mas preferi focar essa metodologia muito mais no meu objeto material (o filme) do que na minha análise histórica, que compreendeu muito mais a questão relativa aos arquétipos da bruxaria. Limitei-me então as cenas do sabá. Gostaria de deixar também minha impressão sobre a atuação de Benjamin Christensen como o Demonio, infelizemente não comentei (ou comentei brevemente) no artigo o grande ator, além de diretor que ele foi. No papel de Diabo Christensen conseguiu sem duvida imprimir os atributos do inimigo de Deus com maestria, deixando transparecer principalmente seu lado sexual, pura luxúria. Não é a toa que é um marco do cinema. 


Essa semana comprei um livro muito bom, "Historia del Diablo, siglos XII-XX", do historiador Robert Muchembled. Não tive tempo de lê-lo (leituras atrasadas) mas dando algumas olhadas folheando um pouco descobri uma lista incrivel sobre filmografias que fazem menção e apresentam o Diabo, e lá está Haxan. Mas para quem realmente deseja  saber um pouco mais sobre as filmagens e concepção do filme, aconselho a leitura de "Witchcraft through the ages: The story of Haxan, the world strangest film and man who made it" (Bruxaria através dos tempos, a história de Haxan: o filme mais estranho do mundo e o homem que o fez) de Jack Stevensen, muito bom. O filme que usei foi o DVD da Magnus Opus Collection, com duas versões especiais restauradas: uma a original em sueco de 1922 e a outra, uma versão de 1968 narrada por Wlliam S. Burroughs, este um dos mais famosos autores da geração beat, autor de "Junky". 
A trilha sonora dessa segunda versão é uma verdadeira overdose jazzística de ninguém  menos que Jean-Luc Ponty um virtuose do violino. Aqui vale dizer que a Magnus Opus está de parabéns por colocar no mercado títulos raros do cinema que fizerma história. Claro que eu não poderia finalizar sem mencionar aqui os trabalhos de Jeffrey B. Russel um historiador que realmente se dedica a estudar o Diabo, o mais conhecido dele no Brasil acredito que seja "Lúcifer: O Diabo na Idade Média" da Madras editora. Mas tem um livro dele sobre história da feitiçaria (sei que está esgotado) que já circula a alguns anos por aqui.

 Para terminar, escrevo aqui o trecho que mais admiro para descrever a bruxaria, e são palavras de um Diabo famosissimo (talvez o mais) que é Mefistófeles, imortalizado por Goethe em seu primoroso "Fausto":

"Meu amigo, esta arte é velha e também nova. Como arte muito antiga e de qualquer idade. Três por um, um por três e sempre se renova". Mefistófeles descrevendo a arte da feitiçaria a Fausto.

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