Um clássico que ainda vale a pena

Ontem fui a uma livraria no bairro de Perdizes SP que distribui os livros do FCE (Fondo de Cultura Economica, uma editora Estatal do México) e para minha surpresa encontrei o livro ai do lado, "El Dios de Los Brujos", famoso livro de Murray, lançado após seu polêmico "O culto das Bruxas na Europa Ocidental". Tá certo, eu sei que o livro de Murray já ta a algum tempo traduzido em portugues aqui no Brasil pela Editora Gaia. Mas olha só como a diferença é interessante. O livro ai do lado me chamou a atenção por ser uma edição de 2004 que é parte de uma coleção comemorativa dos 70 anos da editoa mexicana. O livro vem com uma capa e sobre capa, num estilo bem caprichado, e o melhor de tudo o livro vem com interessantes ilustrações,  infeliz coincidencia com o livro de James George Frazer "La Rama dorada" que na edição mexiacana da mesma editora não tem uma ilustração, já a edição esgotada e antiga da LTC no Brasil vinha com capa dura e recheada de ilustrações. Gostei muito dessa edição do livro de Murray agora eu vou ver se arrumo tempo para comparar as traduções, já percebi as diferenças em alguns nomes mas isso é totalmente compreensivo já que os nomes variam mesmo. Sobre o conteúdo me nego no momento a fazer uma análise das teorias de Murray, eu particularmente adoro as teorias dela sobre cultos agrários sobreviventes que foram deformados pelos inquisidores, é tão legal que chega a ser surreal, Ginzburg em seu famoso  livro "História Noturna" foi compreensível em descrever que Murray lançara uma teoria muito interessante e intrigante, infelizmente para ela as provas não condiziam com suas hipóteses, ou melhor sua análise dos documentos foi realizada levando-se em conta apenas o olhar do inquisidor, esse foi o erro principal (além da questão da abrangencia cronológica dos documentos). Tudo bem está perdoada, para o historiador expoente da micro-história ela deveria ter prestado mais atenção no discurso silenciado desses acusados. Ginzburg descobre elementos folclóricos, veja bem, folclóricos, e não elementos de cultos ou religião organizada. Enfatizo esse ponto porque Ginzburg é sempre citado para reforçar as teses de Murray. Um erro (segundo Jhonni Langer em seu artigo sobre o filme Wicker Man, o artigo está aqui) até mesmo cometido por uma das maiores historiadoras brasileiras sobre o assunto, Laura de Mello e Souza  que interpretou Ginzburg como estando em concordancia com Murray. Mas como disse, me nego a fazer uma análise mais detalhada porque ainda não li o livro que estou esperando (desesperadamente) chegar, que é exatamente uma refutação ponto a ponto as teses de Murray, "A razor for a goat: Problems in the History of Witchcraft and Diabolis" de Elliot Rose, um livro que encontrei nas referencias de Delumeau e que estou ansioso para ler, vamos ver. Mesmo assim Murray é umas das minhas autoras favoritas, acho que o fato de ela ter tido suas teorias praticamente expurgadas das academias chega a tornar seus trabalhos interessantes, e queira ou não acabaram influenciando toda uma forma de religiosidade. E isso é o que me encanta em Murray. Afinal se fosse só pelo prazer da desconstrução histórica eu não iria pagar  (caro) por mais um livro que eu já tenho só que em outra língua edição. E digo uma coisa aos interessados e apaixaonados pelo tema. VALE MUITO A PENA.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Feministas menos religiosas?

A vida de Carlos Magno contada por um mago