Desrespeito

Sinceramente tenho minha opinião sobre a História de perseguição contra a bruxaria e o paganismo de maneira geral evocado pela bruxaria moderna, defendo hoje um revisionismo histórico (apesar de muitos torcerem o nariz para  isso) que valorize os símbolos e histórias da qual surgiu o movimento neo pagão moderno. Concordo com Baker ao dizer que religiosidades neo pagãs como a Wicca não necessitam criar um passado ficcional no sentido de demonstrar conexões de continuidade no que ele chama de linha partidária,  ou seja genealogias históricas, “mas sim buscar legitimidade e aceitação social através de seus próprios méritos" (BAKER, 187, p.1996). E na minha opinião religião que não se faz  presente morre. Acredito que a grande maioria dos pagãos modernos também trilham esse caminho de se fazer presente na sociedade, tanto discutindo questões relevantes a uma coletividade, em prol não só de sua religião mas de toda a sociedade quanto dando valor a sua história e principalmente discutindo-a. Mas por muito tempo e ainda encontra-se uma tentativa de jogar toda desaceitação do neo paganismo em cima de uma imagem que foi cunhada por outra religião. A questão é que enquanto se discute essa história que não vai dar em lugar nenhum, a legitimidade se conquista no agora e não adianta tentá-la trazer do passado, uma frente real de preconceito e intolerância toma força. Na literatura evangélica acho que o primeiro caso mais enfático desse quadro foi o livro do bispo Edir Macedo, “Orixás, Caboclos e Guias: Deuses ou Demônios?” (Universal, 2000). Um livro que é retrato da intolerância com as religiões afro-brasileiras. Não só as religiões afro, mas também ao espiritismo, é claramente alguém escrevendo com tinta de sangue, tentando ao que parece criar uma discórdia, entre os adeptos de sua igreja e as outras crenças e religiosidades. Outro exemplo mais perto de nossa forma de religiosidade neo pagã, é o livro do pastor Carlos Ribas, “Bruxaria: Desvendado segredos ocultos há Milênios” (2010, no site do autor, o impresso não sei de quando é). Este livro é uma verdadeira salada de falta de conhecimento. Não vou dizer religião, mas há pastores que se promovem em cima de outras religiões, tentando desmoralizá-las. Neste livro de Carlos Ribas, ele narra em primeira pessoa, que era um bruxo, depois junta elementos de satanismo com bruxaria de um jeito que não temos como continuar a leitura, é uma pura falta de conhecimento e uma clara chance de se aproveitar de uma forma de religiosidade que cada vez mais ganha espaço. Outro instrumento inquisitorial que podemos encontrar na internet é o site “Renasce Brasil”, com um caráter nacional cristão, mas baseado numa leitura evangélica descreve que a idéia do projeto, vejam só:

     1-      Distribuir livros e folhetos que esclareçam verdades sociais, econômicas e religiosas ainda pouco conhecidas pelo povo brasileiro. Os folhetos ao lado estão disponíveis para leitura e impressão; basta clicar sobre os títulos para abrir as respectivas páginas. O objetivo final, no entanto, é confeccioná-los em papel e distribuí-los nas ruas, escolas e metrôs de todo o país.
 2- O Projeto também quer mostrar aos cidadãos brasileiros a importância do Cristianismo protestante no desenvolvimento humano, social, tecnológico e econômico. O brasileiro precisa conhecer melhor esta realidade para fazer bom uso da ética e da moral protestante. Isso daria ao Brasil condições culturais mais propícias ao desenvolvimento tal como ocorreu com a maioria dos países atualmente desenvolvidos. 

Além disso vejam como eles querem promover essas idéias iniciais e olhem como definem o paganismo:

O que é Paganismo Social e Religioso
Antes da era Cristã, há dois milênios, praticamente todos os povos eram pagãos (também chamado por alguns dicionários de “gentios”). Tal padrão cultural, isto é, tal modelo de conduta e de vida era conseqüente da desinformação e da sobreposição do lado irracional sobre o lado racional dos seres humanos. (Era como se o corpo "animal" prevalecesse sobre a mente "educacional", ou seja, a carne prevalecia sobre o espírito.) Por isso, naquela época aceitava-se as promiscuidades, as imoralidades, orgias, idolatrias e violências com muita naturalidade. Isso era até, "justificável", porque o povo ainda não conhecia uma educação decente e social procedente do Criador. Hoje, no entanto, alguns dos nossos políticos redescobriram o paganismo, mas acham que inventaram fórmulas evoluídas de conduzir uma sociedade. O modelo pagão (laico, pluralista, igualitário, sem-censura, etc.) é o formato mais rudimentar e arcaico de se conduzir uma sociedade. Este modelo não estabelece limites nem requer sacrifícios éticos e morais dos cidadãos. No sistema pagão, todos podem de tudo e do que bem quiserem sem se preocupar com conseqüências. Em geral, o paganismo está ligado à ausência de limites, ausência de disciplina e ausência de abdicações preventivas de qualquer natureza. No paganismo, é comum a presença maciça de atitudes meramente prazerosas sem nenhuma preocupação com as conseqüências futuras. O efeito religioso (a multiplicidade de deuses, espíritos, orixás e divindades diversas) é apenas o lado mais evidente de um comportamento normalmente "prazeista" e descomprometido com o futuro. (Um comportamento demasiadamente "festivo" onde os desejos do corpo é que controlam a mente e não o bom senso). No dia-a-dia, o paganismo vai se estabelecendo através da substituição do racional pelo mais prático e prazeroso, isto é, as pessoas passam a se submeter apenas ao que querem e não ao que se deve e a que convém se submeter. As conseqüências ao longo do tempo são fracassos seguidos de fracassos acompanhados de dores e miséria. Tais conseqüências levam as pessoas ao desespero e ao surgimento de adorações a inúmeras “divindades” como tentativa de soluções sobrenaturais. Portanto, paganismo não se restringe a insensatas adorações religiosas. Na verdade, é todo um conceito social do qual deveríamos nos afastar o máximo possível para caminharmos em direção ao sucesso. (Obs: Algumas enciclopédias internacionais definem paganismo como o padrão de comportamento social e religioso que não tem procedência profética, ou seja, não procede dos ensinamentos cristãos, judaicos ou muçulmanos).
 Pois é esses são alguns exemplos da intolerância religiosa no Brasil. Ainda tem gente que fala que no Brasil não há propaganda anti-religiosa, ou seja, as religiões aqui não encontram desafios que possam ser classificados como tensões. Claro que no Brasil não há pessoas na rua quebrando vidraças ou jogando pedras umas nas outras (exceto algumas que parecem fazem do futebol sua religião), aqui existe uma certa tolerância, mas não uma aceitação, tolerância é algo que você pode não aceitar mas tolera, a convivência tolerada é algo horrível, pois você sabe que por dentro pessoas podem não estar aprovando o que você está fazendo. A tolerância deve ser palavra de ordem em países que cidadãos se matam, aí sim, pois lá a tolerância é algo que é necessário. Aqui no Brasil devemos dar um passo a mais já que todas as religiões (e existem muitas em nosso país) conseguem se estabelecer sem enfrentar pedradas ou mortes.
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