Pagão: um termo de difícil definição

Claro que não tenho a minima pretensão de encerrar um debate sobre o conceito do termo pagão num pequeno artigo, pelo contrário, acredito que a busca de um conceito para esse termo está longe de ter uma definição satisfatória num amplo consenso, essa é apenas mais uma explicação, sobre o termo, a definição não varia apenas de acordo com a ótica abordada mas também do período que a corresponde, por exemplo daqui a alguns anos pode ser que pagão se refira especificamente a um conjunto de crenças definidos, quem pode saber? Mas por enquanto lanço um resumo aqui do que entendo pelo termo através de algumas leituras. Por muito tempo vários autores (incluem-se aqui desde Michelet a Murray) afirmaram que o termo paganu, derivou-se da palavra "rústico", componês, morador do campo, sendo assim era utilizado dentro de um contexto de triunfo religioso, no caso aqui triunfo cristão, tendo o catolicismo como religião dominante, restrita principalmente às zonas metropolitanas, é a fé urbana em contraste com as crenças campestres. Porém em 1986 o historiador Robin Lane Fox lembrou seus colegas de Oxford que essa termo, mais romântico do que verídico, nunca foi em todo provado, e que o termo pagão no período de dominação romana se referia na verdade muito mais a um cárater civil do que religioso, neste caso para designar uma pessoa não inscrita no exército cristão de Deus. Poucos anos depois na década de noventa, o acadêmcio francês, Pierre Chuvin, rejeitou os dois sentidos, argumentando que o termo paganii (plural de paganus) foi utilizado para designar os seguidores das tradições religiosas mais antigas, quando estes ainda compunham a maioria dos moradores da cidade e quando o seu sentido anterior, de não-militares (do exército de Cristo) já havia caido em desuso. Ele sugeriu que o termo poderia referir-se àqueles que preferaim a fé de pagus, ou seja, a unidade local de governo, que é a religião enraizada em crenças antigas. Sua sugestão foi a que encontrou mais aceitação até hoje. 
 Apesar de muitas tradições esotéricas se afirmarem como pagãos, nem todas aceitam o prefixo "neo", utilizado (divulgado, melhor dizendo) pela primeira vez por Oberon Zell-Ravenheart, editor da revista Greenegg, que era uma miscelânea de temas esotéricos, ufológicos e por aí vai, bem no estilo da revista braisleira A Pomba do satanista Marcelo Motta e que tinha artigos de Augusto Figueiredo (Paulo Coelho) que escrevia sobre extraterrestres, bruxaria, magia thelêmica, etc. Só que o prefixo "neo"ficou muito marcado e vinculado à Green egg, tanto que os ditos adeptos do paganismo (difícil estabelecer uma definição sobre essa relgião), religião que foi sistematizada (ou teve uma tentativa de ser) pelo casal Higginbotham. Os dois negam o prefixo "neo", preferindo usar o termo paganismo, mas não só eles como a maioria das tradições pagãs modernas. Como descreve Rodney Stark, conceitos são apenas conceitos, infelizmente muitas vezes dependemos deles, mesmo não concordando, a intenção deve ser aproximar-se de um conceito que seja mais generalizado e que compreenda e caracterize esses grupos modernos. 
Para mais detalhes: Os Celtas de John Haywood, Uma teoria da Religião, de Rodney Stark e William Sims Bainbridge, Triumph of the moon, Ronald Hutton, Del paganismo al cristianismo, Jacob Burckhardt, Introduction to pagan studies, de Barbara Jane Davy.


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