Uma boa dica: O mundo da escrita.

 Você sabe qual foi o primeiro concurso público da história? Sabe o que são conversas de pincéis? Sabe como se deu o processo de tradução da bíblia para o grego? Já ouviu falar sobre a Biblioteca de Pérgamo? Sabe o que é literatura de professor? Sabe quem cunhou o termo Literatura Universal? Essas são algumas das coisas que você descobrirá ao ler este pequeno, porém delicioso livro escrito por Martin Puchner, O mundo da Escrita: Como a Literatura transformou a Civilização. Publicado no Brasil pela Companhia das Letras com tradução de Pedro Maia Moraes esta é uma obra fascinante que mostra através de uma perspectiva histórica a relação dos seres humanos com a leitura e a escrita através do tempo e em diferentes contextos culturais. O periódico Bookseller a define como um “Sapiens para fanáticos por livros”, uma referência ao bestseller de Yuval Noah Harari. De fato, a habilidade de síntese, objetividade, clareza e didatismo dos dois autores são semelhantes.

Martin Puchner pega o leitor pelas mãos com paciência e o vai transportando ao longo da História nos mostrando o desenvolvimento da escrita bem como o processo de formação das principais obras da literatura que nos foram legadas. Puchner é professor de Literatura Comparada da Universidade de Harvard, portanto uma pessoa com autoridade e conhecimento capaz de nos guiar pelos meandros do mundo da literatura.

O livro começa com a descrição da missão da Apollo 8 em 1968 cuja tripulação realiza a leitura revezada do início do Genesis. Daí Puchner começa a desenrolar o fio de Ariadne da história da escrita, começando com o livro de cabeceira de Alexandre o Grande, a Ilíada (cuja cópia fora feita por seu mestre Aristóteles), passando pela Epopeia de Gilgmesh, o livro de Esdras, os mestres Confúcio, Jesus e Sócrates, o romance de Genji, e assim por diante até chegar no capítulo que eu menos gostei, que é sobre Harry Potter.

Não é um livro enfadonho, os capítulos são breves e a narrativa segue um fluxo quase de romance. Puchner consegue interpolar sua narrativa com algumas de suas experiências pessoais em relação a obra analisada. Apesar de o autor declarar lá pelas tantas do livro que esta dinâmica foi sugerida por sua agente literária com o intuito de tornar o livro mais pessoal, acredito que algumas dessas interpolações poderiam muito bem ser suprimidas e substituídas por mais informações relativas a obra descrita. Mas no final é um livro que vale muito a pena. É um daqueles livros que você aprende. Acredito que para alguém da área de literatura não vá acrescentar muita coisa, mas para um leigo da área como eu, foi uma grata surpresa, devorei o livro rapidamente.

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